7 de setembro de 2012

Como correu? Pensam vocês.

Primeiro tenho de vos enquadrar naquela que foi uma das piores noites que tive. Passei o tempo todo em sobressalto e com o coração nas mãos. A minha terra, aquela onde cresci e onde vivem os meus pais, estava a arder. A proximidade com a quinta que os meus pais têm era muito pouca e das poucas vezes que conseguia falar com a minha mãe, as notícias não eram animadoras. Não havia certeza absoluta que a quinta estava destruída, que a nossa vinha e os nossos animais estariam mortos, mas as chamas andavam lá a cheirar há demasiado tempo. Os bombeiros eram os únicos a conseguir chegar lá perto e os meus pais, o máximo que podiam fazer, era estar no alto da vila, junto da minha casa. Fui dormir porque tinha de ir. O dia de hoje era demasiado importante para fazer uma direta. De nada valia ficar acordada, também. Fui dormir conformada com a destruição da quinta - o sítio onde tantas vezes brinquei e onde tive a minha mini horta em criança. Hoje, ao acordar, tinha uma mensagem da minha mãe a dizer-me que o fogo destruiu a quinta. Videiras, árvores de fruto, batatas, alfaces, tudo destruído. A única coisa que se manteve de pé foi a casa onde o meu Pai tem a adega e o galinheiro. Imagino o sofrimento das galinhas ao verem o fogo a escassos metros delas. Estou profundamente grata aos Bombeiros, por todo o esforço. Por terem conseguido salvar os animais de uma morte atroz. Estou grata a todos quantos lutaram por manter a minha vila, a minha terra, a salvo do fogo. Infelizmente, muito ardeu. A paisagem de uma das Serras mais bonitas de Portugal está mudada, desde ontem. 

Por tudo isto, podem imaginar como fui para a entrevista. Assim que comecei a falar, sentia a minha voz embargada. O pensamento estava com os meus Pais e com a minha terra. Com o evoluir da entrevista, senti-me melhor. Se a entrevista correu bem, não sei. Sei que a minha vontade de lá trabalhar duplicou. Todo o ambiente, o desafio que seria, a constante aprendizagem e evolução na carreira, vai de encontro a tudo aquilo que queria neste momento. Agora, é esperar. É pensar que na vida acontecem coisas boas e que o meu dia de sorte pode estar a chegar. Porque todos merecemos ter aquele dia de sorte, e eu, queria que o meu dia de sorte chegasse em breve com uma resposta - Sim, foi a eleita para o cargo.


4 comentários:

teardrop disse...

Querida Ana,
Antes de mais, sinto muito pelo que aconteceu com a quinta da família. O fogo é um flagelo horrível. Daqui vai também o meu agradecimento a todos aqueles que ajudam a combater os incêncios.
Depois de tudo, sim, mereces ainda mais o emprego. Tenho a certeza que será teu. A frase da imagem diz tudo. Acredita em ti, acredita que o emprego é teu. A parte de quereres sair e de gostares tanto do sítio onde foste é tão parecida com a minha história há exactamente 2 anos atrás... E aqui estou eu. Consegui ficar com o lugar. Eu acredito em ti!
Beijinhos

Ana disse...

Querida, agora deixaste-me em lágrimas. Hoje estou tão sensível :(

Obrigada pelo apoio, por acreditares :)

Beijinho grande

Fiona disse...

E estes terríveis incêndios que nunca mais nos abandonam. Nem quero imaginar toda a angústia que tu e os teus sentiram :(. Pensamento positivo quanto ao resultado da entrevista :)

Tsuri disse...

Querida Ana, já tinha deixado aqui um comentário, mas com erro na publicação, calculei logo que não terias sequer recebido.
Chorei ao ler este teu post pois senti toda a intensidade que nele deixaste. Não consigo ter palavras possíveis de ânimo e como tal queria que soubesses que eu tenho 2 ombros que servem de consolo e um colo que também dá muito jeito.
Mantém por favor essa postura positiva e viva porque és com toda a certeza a grande alegria de quem te ama e força, muita força neste momento.
A resposta vai chegar e eu estou ansiosa por sabê-la por ti!
um grande, grande, grande e apertado beijo